05 set Oncologia de hoje
No Egito Antigo, existiam descrições sobre tratamentos contra o câncer, porém, sabe-se que, apenas no final do século IX, devido ao surgimento dos primeiro tratamentos com radioterapia e à melhora das técnicas cirúrgicas, deu-se progresso nessa área. Já no século XX, desenvolveram-se os primeiros medicamentos para o tratamento do câncer. Os cientistas buscavam por uma substância capaz de tratar toda e qualquer doença neoplásica e, com isso, alcançar o tratamento universal do câncer.
Em meados de 1970, todas as pessoas com câncer de pulmão recebiam o mesmo recurso terapêutico. Esse fato, ao que tudo indica, era decorrente da pouca disponibilidade de medicamentos no mercado. O desconhecimento sobre as diferentes mutações e alterações nas células tumorais daquela época fazia com que os medicamentos fossem pouco eficazes, resultando no óbito do paciente em poucos meses, mesmo com a correta aplicação da terapia.
Quando se usava apenas o microscópio, o câncer de pulmão era classificado conforme as suas características celulares visuais, em dois principais tipos: pequenas células (10 % dos casos) e não pequenas células 90%. Este último compreende cânceres da via respiratória (escamoso) ou das glândulas pulmonares (adenocarcinoma). Diversas terapias foram desenvolvidas e obtiveram o mesmo resultado. Porém, entre os anos de 1980 e 2000, com a descoberta das alterações moleculares do câncer, possibilitou o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes no controle da doença. Por essa razão, considera-se que isto mudou o rumo dos tratamentos contra o câncer, possibilitando a entrada em uma nova fase terapêutica. Hoje, sabe-se que alguns pacientes com câncer de pulmão têm mutações em diferentes locais do DNA, como EGFR, ALK, ROS1, BRAF, CMET, RET, HER2, etc.
Algumas mulheres com câncer de mama apresentam hiperexpressão de HER2, outras podem herdar um gene dos pais, o BRCA, responsável por aumentar as chances de desenvolvimento de câncer de mama e ovário ao longo da vida. Alguns indivíduos com melanoma têm mutação do BRAF V600, já em câncer de intestino pode ocorrer mutação do RAS e do BRAF. Em casos de tumores cerebrais, podem ocorrer mutações de MGMT, IDH e translocações 1p19q. A descoberta dessas mutações tem ajudado no desenvolvimento de novos medicamentos que já estão disponíveis na prática clínica para uso em algumas situações. Vale ressaltar que para muitas dessas alterações existem medicamentos que podem ser usados para bloquear o efeito delas, como o Gefitinib, o Erlotinib e o Afatinib no câncer com mutação do EGFR, ou o Crizotinib no câncer com translocação do ALK.
Esse conhecimento serviu de base para direcionar os pesquisadores na descoberta de novos medicamentos para outras mutações, onde ainda não existem medicamentos, como no caso do NRAS. Em situações que o paciente não apresenta mutação, há estudos de laboratório a serem explorados, reforçando a hipótese que existam mutações ainda desconhecidas. Somado a isso, muitas pesquisas estão sendo realizadas com o propósito de identificá-las em especial o PD-L1, com medicamentos estimuladores do sistema imunológico, como o Pembrolizumab, o Nivolumab e o Atezolizumab que também aumentaram o tempo de controle da doença, e que estão disponíveis em nossa clínica.
No próximo texto falarei pouco mais sobre o esse avanço na medicina, que deu espaço para o que chamamos de oncologia personalizada. Espero que este artigo tenha ajudado você a entender melhor a doença. Mas, não fique com dúvidas, a melhor maneira de entender é conversando com seu médico. Aqui na Oncocentro você encontra profissionais qualificados e empenhados para oferecer um atendimento ético e humanizado a todos pacientes e familiares.
Esperamos que estas orientações tenham ajudado você a entender melhor esse assunto tão importante na vida do paciente oncológico.
Mas, não fique com dúvidas, a melhor maneira de entender é conversando com seu médico. Aqui na Oncocentro damos suporte aos pacientes que buscam ter seus direitos assegurados. Estamos sempre atualizados e fazemos parte da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica) que nos dá todo o suporte necessário.
Dr. Carlos Felin – CRM 9751
Médico Oncologista – Diretor Técnico da Oncocentro
Sem comentários