22 maio Cateter totalmente implantado
Cateter totalmente implantado | Port-A-Cath. O que você precisa saber?
Hoje vamos falar sobre um grande aliado – para o paciente e para a equipe – durante o tratamento quimioterápico: o cateter totalmente implantado (Port-A-Cath). Por vezes, o paciente que se submete ao tratamento quimioterápico recebe do seu médico a indicação de implantar esse dispositivo, visando comodidade, conforto e, sobretudo, SEGURANÇA! Continue a leitura que vamos explicar um pouco sobre esse pequeno dispositivo que é cercado de dúvidas e também alguns mitos.
A quimioterapia compreende várias vias de tratamento, como por exemplo: via oral, via endovenosa, subcutânea, intracavitária, intratecal, entre outros. Porém a mais comum ainda é a via endovenosa, ou seja, através dos nossos vasos sanguíneos, semelhante ao processo de quando se toma um soro no hospital.
Ocorre que, os quimioterápicos não são tão mocinhos quanto um soro fisiológico e por isso, alguns deles, podem ser agressivos as nossas veias, em especial as periféricas e pouco calibrosas, como, as veias da dobra do braço e dorso da mão.
Um exemplo clássico que demanda muita atenção e cuidado são as antraciclinas (p. ex. Doxorrubicina) as quimios “vermelhas” – que, por terem um Ph baixo, têm um perfil ácido e bastante agressivo (vesicantes). Desse modo, todo o esforço deve ser empreendido para que as drogas não extravasem o vaso, devido às lesões que podem ser causadas a partir do extravasamento.
Na tentativa de tornar o tratamento menos agressivo, uma estratégia amplamente empregada atualmente, trata da implantação de um cateter Port-A-Cath (totalmente implantado), que reduz a índices muito baixos os riscos de algum incidente relacionado à infusão e extravasamento, trazendo maior segurança e conforto ao paciente.
A implantação desse dispositivo é de competência do médico especialista, normalmente cirurgião vascular, feito em um centro cirúrgico é considerado um procedimento simples que leva em torno de 30 minutos à 1 hora.
O paciente recebe anestesia local e um sedativo ou anestesia geral, normalmente tem alta no mesmo dia e inclusive pode receber a infusão do medicamento logo após o procedimento.
A implantação é no tecido subcutâneo e introduzido numa veia calibrosa, geralmente na veia cava superior, próximo à entrada do coração. Após a implantação o acesso ao cateter é feito através de punção da pele sobre ele, é feito com uma agulha específica para esse fim. Esse procedimento deve ser realizado por enfermeiro treinado, capacitado e com rigorosa técnica asséptica. Após 7-10 dias os pontos são removidos e a cicatrização ocorre de forma normal.
O cateter totalmente implantado apresenta algumas vantagens quando comparado a outros tipos de cateter, por exemplo:
- sua durabilidade, pois pode permanecer no corpo por anos;
- considerável diminuição do risco de infecções, pois fica sob a pele; minimiza o risco de trombose;
- permite tratamento ambulatorial em alguns protocolos que exigiriam a internação para infusão contínua de
- medicação, que pode ser feito através de um infusor portátil ligado ao cateter;
- não interfere nas atividades diárias, embora atividades de grande impacto devam ser evitadas como por ex. futebol, luta entre outros;
- ligado a um grande vaso diminuiu a os danos causados pela medicação;
- leva a quase zero a possibilidade de extravasamentos;
- entre outras tantos fatores positivos.
Entretanto, em raros casos, pode ocorrer complicações relacionadas ao Port-A-Cath, como vermelhidão no local, sangramento, presença de secreção e febre, que podem ser relacionado a infecções, no local da incisão e/ou no cateter e, por isso, esses sintomas devem ser imediatamente investigados.
Ao primeiro sinal notado pelo paciente, ele deve entrar em contato com seu médico ou enfermeiro para que o mesmo seja avaliado e as medidas corretas tomadas, o que pode variar entre uso de antibiótico local e sistêmico e, em últimos casos, a remoção do dispositivo para implantação de um novo.
Mesmo após o tratamento finalizado é necessário alguns cuidados especiais com o cateter, em média a cada 30 dias o paciente deve procurar um centro especializado para fazer a heparinização (lavagem do cateter com heparina), visando a manutenção da qualidade, permeabilidade e vida útil desse acesso.
A permanência do cateter pode ser somente durante o tratamento, entretanto, alguns médicos optam por deixar o cateter por um tempo mais prolongado. A retirada acontece por um procedimento semelhante ao de implantação, algo considerado simples.
O uso desses dispositivos vem ganhando força, principalmente na oncologia, por todas suas funcionalidades descritas aqui, a avaliação da necessidade é feita geralmente pelo médico juntamente com a equipe de enfermagem, que juntos avaliam os acessos e as possibilidades para cada paciente.
Os pacientes e seus familiares são orientados com informações pertinentes sobre a cirurgia necessária pra implantação e da necessidade do uso, visando o melhor para cada paciente de forma individualizada sempre.
Caso você tenha dúvidas, a melhor forma de compreender isso é conversando com seu médico, com a equipe de enfermagem, ou com o farmacêutico da equipe que lhe atende. Aqui na Oncocentro contamos com uma equipe especializada, multiprofissional e empenhada em assistir de forma integral a todos pacientes e seus familiares, a fim de garantir todo o suporte necessário para que as dúvidas sobre o tratamento não se tornem um obstáculo para o paciente.
Fontes:
– Instituto Oncoguia
– Manual de Procedimentos e Cuidados Especiais – INCA
Esperamos que estas orientações tenham ajudado você a entender melhor esse assunto tão importante na vida do paciente oncológico. Os textos e vídeos publicados em nosso Blog têm caráter informativo e suas informações não substituem a consulta com especialistas. Para mais informações sobre o tema, entre em contato com um médico e tire suas dúvidas.
Lucas Baco – CRF/RS 17351
Farmacêutico Responsável Técnico – Oncocentro
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